Se a expectativa já é enorme mesmo antes de começarem as gravações e muitos boatos rodam pela net, imagino como serão os rumores assim que a pedra fundamental for lançada com o elenco voltando ao set...Os spoliers serão violentos e especulativos como nunca: possíveis retornos, teorias sobre um figurino possivelmente avistado, um ator em determinado local, tudo isto surgirá em enxurradas. (E pretendo me manter longe...)
A onda vai acontecer. Isto é inevitável. Porque Lost representou muito para a indústria do entretenimento. Criou o expectador participante e se encaixou perfeitamente no movimento de cultura de convergência. Com uma narração diferenciada, está contando uma das estórias mais originais e comentadas da história do entretenimento. Como já brinquei no post anterior, sou um pouco xiita com Lost. Na verdade sou fascinada pela série e talvez enxergue com lentes de aumento os aspectos positivos. Mas não podemos negar que Lost, goste do gênero ou não, é um marco. E será lembrada por muitos anos.
Mas tudo tem um lado negativo. O blogueiro Paulo Roberto Montanaro, do ótimo Pensando Imagem e Som - agora meu parceiro de posts (aguardem novidades para breve)definiu bem o espírito do que estou querendo abordar.
Disse Paulo em um debate sobre a série: "Sinceramente, acho que o pessoal está exagerando no que se toma por "espectador ativo". Lost surgiu com uma nova proposta de construção da mitologia colaborativamente, desafiando cada pessoa a criar teorias, encontrar referências, pensar, pensar e pensar... e o que temos hoje? Pessoas teorizando... se os roteiristas perderam a mão! Criando... motivos para criticar os rumos que a série tomou! Pensando... em como seria bom que a série passasse 64 anos com pessoas perdidas na praia e tendo flashbacks de todos os problemas que tiveram na vida! E cadê as teorias do que está acontecendo? Cadê as pessoas que estão buscando entender como tudo aquilo chegou até aqui e como tudo isso chegará lá? Estão em loopping? Estão mudando o passado? Estão mudando o futuro?
Acho que infelizmente Lost tem um defeito: criou monstros de fumaça demais, sistemas de defesa que a qualquer alerta, agem sem dó contra quem ameaçá-lo, inclusive ele mesmo.
Vamos lembrar que a série é escrita e criada por pessoas, que estão nos propondo uma viagem. Se alguém duvida da proposta ou não embarca nela, então baixe outra série, ou um bom livro, e vá fazer outra coisa".
Eu aplaudo de pé o desabafo do Paulo.É exatamente isto que vem ocorrendo nos últimos tempos.
Tivemos duas excelentes temporadas com estórias contadas, respostas, ação, ficção, romance, desenvolvimento psicológico dos personagens e principalmente: coerência ao que se propôs no início desta grande viagem. A enrolação da terciera temporada ficou definitivamente para trás. Ao mesmo tempo em que a trama fluiu e tivemos acesso a cada vez mais informações sobre a mitologia e as grandes atuações se multiplicaram, cresceram também as críticas e a má vontade com a série.
Entendam bem: não é proibido criticar Lost. Não é este o espírito. Mas será que não virou moda achar defeito em Lost? (veja post sobre cornetagem).
Esta questão surge novamente porque imagino o que será daqui para frente. Até prevejo os comentários e posts de 2010. Porque por mais brilhante que seja o fim da série, jamais será à altura de toda a expectativa pessoal que criamos.
Durante todos estes anos nos envolvemos na estória e com os personagens. E esperamos que o destino do conjunto esteja conectado às nossas expectativas. Mesmo que esta seja a de ser totalmente surpreendido, cada um de nós tem um fim em mente. E obviamente não seremos plenamente atendidos.
Esperamos um fim à altura do que foi a série, claro. E sinceramente acredito que teremos. Ao menos é o que indica a capacidade da equipe por trás de Lost até hoje. Mas fica a dúvida: estaremos nós (e me incluo nesta) preparados para este fim?
5 de jun. de 2009
O fim - Editorial
Estamos em pleno início do hiato - longo em demasia para qualquer fã que se preza - que antecede a derradeira temporada de Lost.
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2 comentários:
Oi, Ka!
Mais um texto interessante seu nessa nossa espera pela próxima temporada de Lost.
Eu sou relativamente novo na comunidade virtual de seriados. Estou nessa há pouco mais de 6 meses. Antes de ser um "comentarista", eu era um mero espectador.
O que vejo acontecendo em Lost, é bem similar ao que acontece com Smallville, Heroes e outros seriados de sucesso. Assisto um episódio, acho o máximo e escrevo isso no blog. Em seguida, vejo outras pessoas massacrando esse mesmo episódio. Ou o contrário: classifico um episódio qualquer como horrível e vejo outros achando-o um marco no seriado.
Isso ocorre porque gostar ou não de um episódio - e de tantas outras coisas na vida - depende muito da percepção pessoal de cada um. Depende da expectativa que você criou, do que aconteceu com você naquele dia e inúmeros outros fatores.
Em Lost, isso é maximizado: como o seriado alcançou um destaque enorme, todos teorizam e criam suas expectativas. É óbvio que é impossível atender à expectativa de todos. O que varia é a forma de cada um reagir: pessoalmente, fico maravilhado com a capacidade dos roteiristas me surpreenderem a cada episódio.
Gostei do que o Paulo falou: quem não gostou, pule fora. Mas, isso é também pessoal: por exemplo, achei o final de Smallville muito fraco, mas nem por isso deixo de ser fã do seriado.
Somos todos humanos e diferentes, e temos cada um nossa percepção. Cabe a cada um de nós lidar com as eventuais frustrações a seu próprio modo.
Enfim, ótimo texto! Parabéns e um abraço!
Adelson
Olá Ka. Tudo bom?
Ótima postagem! Fiquei muito contente de poder ter contribuido um pouquinho e é bem interessante esta discussão do expectador ativo-exigente. Fazer seriado deve ser um desafio e tanto, né? Imagina ter milhões de fãs debruçados sobre cada frame do seu trabalho e comentando isso em milhares de blogs no dia seguinte. Deve dar pânico ver o dia seguinte do episódio para um produtor... hehehe
Enfim, mais uma vez, parabéns.
É um honra e um prazer enormes participar aqui do "Defenda a Ilha".
Há braços
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