5 de jun. de 2009

O fim - Editorial

Estamos em pleno início do hiato - longo em demasia para qualquer fã que se preza - que antecede a derradeira temporada de Lost.
Se a expectativa já é enorme mesmo antes de começarem as gravações e muitos boatos rodam pela net, imagino como serão os rumores assim que a pedra fundamental for lançada com o elenco voltando ao set...Os spoliers serão violentos e especulativos como nunca: possíveis retornos, teorias sobre um figurino possivelmente avistado, um ator em determinado local, tudo isto surgirá em enxurradas. (E pretendo me manter longe...)
A onda vai acontecer. Isto é inevitável. Porque Lost representou muito para a indústria do entretenimento. Criou o expectador participante e se encaixou perfeitamente no movimento de cultura de convergência. Com uma narração diferenciada, está contando uma das estórias mais originais e comentadas da história do entretenimento.
Como já brinquei no post anterior, sou um pouco xiita com Lost. Na verdade sou fascinada pela série e talvez enxergue com lentes de aumento os aspectos positivos. Mas não podemos negar que Lost, goste do gênero ou não, é um marco. E será lembrada por muitos anos.
Mas tudo tem um lado negativo. O blogueiro Paulo Roberto Montanaro, do ótimo Pensando Imagem e Som - agora meu parceiro de posts (aguardem novidades para breve)definiu bem o espírito do que estou querendo abordar.
Disse Paulo em um debate sobre a série: "Sinceramente, acho que o pessoal está exagerando no que se toma por "espectador ativo". Lost surgiu com uma nova proposta de construção da mitologia colaborativamente, desafiando cada pessoa a criar teorias, encontrar referências, pensar, pensar e pensar... e o que temos hoje? Pessoas teorizando... se os roteiristas perderam a mão! Criando... motivos para criticar os rumos que a série tomou! Pensando... em como seria bom que a série passasse 64 anos com pessoas perdidas na praia e tendo flashbacks de todos os problemas que tiveram na vida! E cadê as teorias do que está acontecendo? Cadê as pessoas que estão buscando entender como tudo aquilo chegou até aqui e como tudo isso chegará lá? Estão em loopping? Estão mudando o passado? Estão mudando o futuro?
Acho que infelizmente Lost tem um defeito: criou monstros de fumaça demais, sistemas de defesa que a qualquer alerta, agem sem dó contra quem ameaçá-lo, inclusive ele mesmo.
Vamos lembrar que a série é escrita e criada por pessoas, que estão nos propondo uma viagem. Se alguém duvida da proposta ou não embarca nela, então baixe outra série, ou um bom livro, e vá fazer outra coisa".

Eu aplaudo de pé o desabafo do Paulo.É exatamente isto que vem ocorrendo nos últimos tempos.
Tivemos duas excelentes temporadas com estórias contadas, respostas, ação, ficção, romance, desenvolvimento psicológico dos personagens e principalmente: coerência ao que se propôs no início desta grande viagem. A enrolação da terciera temporada ficou definitivamente para trás. Ao mesmo tempo em que a trama fluiu e tivemos acesso a cada vez mais informações sobre a mitologia e as grandes atuações se multiplicaram, cresceram também as críticas e a má vontade com a série.
Entendam bem: não é proibido criticar Lost. Não é este o espírito. Mas será que não virou moda achar defeito em Lost? (veja post sobre cornetagem).
Esta questão surge novamente porque imagino o que será daqui para frente. Até prevejo os comentários e posts de 2010. Porque por mais brilhante que seja o fim da série, jamais será à altura de toda a expectativa pessoal que criamos.
Durante todos estes anos nos envolvemos na estória e com os personagens. E esperamos que o destino do conjunto esteja conectado às nossas expectativas. Mesmo que esta seja a de ser totalmente surpreendido, cada um de nós tem um fim em mente. E obviamente não seremos plenamente atendidos.
Esperamos um fim à altura do que foi a série, claro. E sinceramente acredito que teremos. Ao menos é o que indica a capacidade da equipe por trás de Lost até hoje. Mas fica a dúvida: estaremos nós (e me incluo nesta) preparados para este fim?

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Ka!

Mais um texto interessante seu nessa nossa espera pela próxima temporada de Lost.

Eu sou relativamente novo na comunidade virtual de seriados. Estou nessa há pouco mais de 6 meses. Antes de ser um "comentarista", eu era um mero espectador.

O que vejo acontecendo em Lost, é bem similar ao que acontece com Smallville, Heroes e outros seriados de sucesso. Assisto um episódio, acho o máximo e escrevo isso no blog. Em seguida, vejo outras pessoas massacrando esse mesmo episódio. Ou o contrário: classifico um episódio qualquer como horrível e vejo outros achando-o um marco no seriado.

Isso ocorre porque gostar ou não de um episódio - e de tantas outras coisas na vida - depende muito da percepção pessoal de cada um. Depende da expectativa que você criou, do que aconteceu com você naquele dia e inúmeros outros fatores.

Em Lost, isso é maximizado: como o seriado alcançou um destaque enorme, todos teorizam e criam suas expectativas. É óbvio que é impossível atender à expectativa de todos. O que varia é a forma de cada um reagir: pessoalmente, fico maravilhado com a capacidade dos roteiristas me surpreenderem a cada episódio.

Gostei do que o Paulo falou: quem não gostou, pule fora. Mas, isso é também pessoal: por exemplo, achei o final de Smallville muito fraco, mas nem por isso deixo de ser fã do seriado.

Somos todos humanos e diferentes, e temos cada um nossa percepção. Cabe a cada um de nós lidar com as eventuais frustrações a seu próprio modo.

Enfim, ótimo texto! Parabéns e um abraço!

Adelson

Paulo Montanaro disse...

Olá Ka. Tudo bom?

Ótima postagem! Fiquei muito contente de poder ter contribuido um pouquinho e é bem interessante esta discussão do expectador ativo-exigente. Fazer seriado deve ser um desafio e tanto, né? Imagina ter milhões de fãs debruçados sobre cada frame do seu trabalho e comentando isso em milhares de blogs no dia seguinte. Deve dar pânico ver o dia seguinte do episódio para um produtor... hehehe

Enfim, mais uma vez, parabéns.
É um honra e um prazer enormes participar aqui do "Defenda a Ilha".

Há braços

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