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23 de set. de 2009

Perfil Lost: Desmond e Penelope

por Paulo Roberto Montanaro

Pode ser que todos os passageiros do vôo 815 tenham caído naquela ilha, juntos, para encontrarem uns nos outros a redenção. Pode ser que os Outros, liderados por Ben e por Richard realmente não sejam os malvados da história e mesmo as forças ocultas da Ilha podem estar em meio a uma batalha por poder, ambição e seja mais o que estiver em jogo com outras forças. Contudo, certamente se há alguém que mereça viver sua vida em paz, esse alguém não é nativo da Ilha, não chegou junto com a Iniciativa Dharma e nem caiu de avião ali. Desmond Hume e Penelope Widmore tem uma história muito mais épica do que o clássico shakespeariano Romeu e Julieta. Foi exatamente pela briga entre Des e o pai de sua amada, Charles, que ele partiu, buscando provar sua honra e valor, como nos tempos dos cavaleiros. Desmond se mostrou um verdadeiro plebeu apaixonado pela donzela da corte buscando provar ao rei que ele merece a dignidade de se casar com o seu grande amor, mesmo aquele fazendo de tudo para que este não se aproxime se sua filha. O que nem Des e nem Penny sabiam é que essa jornada em busca da honra iria custar muito mais do que as habilidades do “brotha” em navegação.
Desmond foi por muitos anos noivo e, prestes a se casar, seu medo o levou para o caminho religioso. Já noviço, ele reencontra o passado que deixara para trás e se perde em dúvidas e desespero. É praticamente expulso do monastério, pendendo de vez o rumo. Tudo isso o leva a Penelope, por quem se apaixona e mantém um relacionamento de anos até que o embate com o pai dela o leva a não se acreditar bom o suficiente para a amada. Novamente, Des foge de sua responsabilidade e, mais uma vez, ele fere o coração da mulher a quem ama.
Da mesma forma que fez anteriormente, se refugia em um regime pesado e rígido, como se estivesse se punindo. Desta vez não um monastério, mas sim o exército. Sua vida continua sendo de muita privação e seus atos de indisciplina acabam por mandá-lo para uma prisão militar. Suas cartas jamais chegariam até Penny pela interceptação, mais uma vez, do pai dela. Ao sair e descobrir o desvio de sua correspondência, assume o compromisso de vencer uma volta ao mundo organizada pelo mesmo Widmore para se provar digno dela e, em sua última conversa com a sua amada, ele esconde seus reais motivos, prometendo voltar em um ano. Porém, sua aventura em busca da honra acabou na costa da Ilha na qual ficou preso. Convencido que o ambiente externo da Ilha era insalubre, trabalha na Estação Cisne por três anos antes da queda do vôo 815. Acidente este do qual Desmond pode ter sido o responsável direto, já que em um embate com Kevin, seu companheiro de “trabalho”, ele pela primeira vez deixou de repetir sua rotina de digitar os tais números em um computador.

No encontro nada amigável entre ele e os sobreviventes que o descobrem, o computador da estação é atingido e avariado por um tiro do próprio Desmond, fato que o levou a acreditar que levaria todos a morte. Sua tentativa de fuga daquele lugar em seu velho barco foi em vão e neste momento ele acredita estar preso para sempre àquele lugar. Quando descobre atividades de outras estações, a se destacar a Pérola, decide, juntamente com Locke, deixar o contador zerar novamente. Mas ao estudar os registros de atividades, descobre que o seu único descuido coincide com a queda do vôo 815 e se convence de sua culpa no acidente. Para tentar evitar outro desastre, gira a chave de segurança, descarregando a energia e explodindo a estação por completo.
É neste ponto que as viagens de consciência no espaço tempo do “brotha” se manifestam. Depois de uma experiência de estar novamente no que seja talvez o momento mais impactante em seu destino, volta ao presente e, no tempo atual, ele se percebe capaz de prever a morte de Charlie e a evita por algumas vezes, mas percebe que seus esforços são em vão, sendo ele mesmo a acompanhar o roqueiro na viagem onde este, conscientemente, deu a vida para salvar a todos.
Quando o plano de Charlie funciona e o tal cargueiro de Naomi encontra os sobreviventes, Desmond é o primeiro a deixar a Ilha, ao lado de Saiyd, e no caminho até o cargueiro sua consciência faz a mais forte viagem no tempo, alternando entre o tempo presente e um dado momento quando ele já servia o exército. Des acaba descobrindo que precisa fazer algo para conseguir parar com isso tudo e sua grande salvação é o amor que tem por Penny. Seu plano que a envolvia funciona e ele consegue se salvar, ao mesmo tempo que consegue, mais uma vez, demonstrar todo o amor que sente pela loira, único motivo dele continuar persistindo nesta interminável batalha em busca de provar a ela, ao pai dela e, sobretudo, a ele mesmo que merece a mulher a quem ama.

Penny nunca desistiu dele, mesmo sem entender seus motivos e motivações. Seu esforço é recompensado quando na sua busca ela consegue resgatá-lo para, enfim, conseguir viver feliz ao seu lado. Durante três anos, eles vivem felizes junto de seu filho, velejando para onde desejassem. Seu poderoso amor conseguiu vencer até mesmo os mistérios que envolvem a Ilha, que o prenderam e que ao mesmo tempo mostraram a ele o quanto a amava e o quanto ele deveria lutar por ela. Falta saber, como a Sra. Hawking o alertou, se a Ilha ainda tem algo reservado a Des. Ele parece ter encontrado a sua redenção no amor de Penny, mas talvez a Ilha queira muito mais do que isso do casal.

Palavra da Karen

Desmond e Pen são o casal máximo e indíscutível de Lost. Adoráveis, é difícil encontrar defeitos nos dois. Impossível não simpatizar e torcer para que os dois vivam o conto de fadas moderno. Com o felizes para sempre, claro.
Desmond é um dos personagens mais carismáticos da série. O Romeu inseguro que sofre por não ser tudo o que gostaria, é incapaz de esquecer da amada e parte para o oceano para provar ao mundo - e a si mesmo – que é capaz, o torna o melhor – e mais encantador - exemplo do homem contemporâneo.


Des também está na versão divertida do Toon Séries. Confira aqui. E aproveito para clamar ao talentoso Ricardo que nos presentei com a versão da Pen!

18 de set. de 2009

Perfil Lost: Sun e Jin Kwon

por Karen Aguiar Belintani

Triste coisa é querer bem a quem não sabe perdoar, disse um poeta. Por uma linda estória de amor, Jin e Sun sabem como poucos a praticar o perdão. Ao menos um com o outro.
A bela estória dos dois ultrapassa barreiras sociais, avança por comprometimento e desapego a sonhos e esbarra em deslizes, mentiras e traição. Mas se renova pelo perdão.
Quando conhecemos Sun, ela parecia a típica gueixa submissa, enquanto Jin era o marido tirano. Com o tempo descobrimos que as aparências enganam.
Jin é hoje um dos personagens mais queridos, um dos losties mais confiáveis, o verdadeiro pau pra toda obra e por fim, o marido exemplar. Claro que o passado o condena: omitiu o pai por vergonha, virou capanga do sogro mafioso, mas tudo que fez foi por amor...
Por mais pesado que soe o envolvimento dele com a máfia coreana, Jin foi o peso do bem em meio ao mal. Poupou vidas, tentou fazer o melhor mesmo tendo o pior como única fonte porque se há algo que não se pode negar é a grandeza do coração do coreano. Ajudou quem pode na Ilha, renasceu e se viu em todas as provas possíveis.
Sun, por seu lado, na verdade não era a mulher fraca e submissa que parecia. Mesmo antes da Ilha, a insatisfação com o casamento e o afastamento do marido a levou a uma traição. Bem que ela tentou fugir, mas não conseguiu abandonar Jin, seu grande amor.
Na Ilha, mais uma vez se viu afundada em mentiras. Talvez porque fosse mentirosa por natureza, talvez porque quem está certo mesmo é House, e Everbody Lies. O certo é que só assumiu que falava inglês por questão de vida ou morte. Mas Sun sempre foi doce, meiga. E se fortaleceu a cada nova prova. Como Juliet, é uma ótima representante do sexo feminino. Ela tem a capacidade de fazer o que deve ser feito, e com classe.
O irônico na estória do casal é que ambos guardavam um passado de arrependimento por tomar atitudes e decisões que imaginavam ser fundamental para manter o casamento. Jin queria manter Sun nos padrões de vida que ela sempre teve, o que para ela era o mais irrelevante. Enquanto Sun tentando encobrir a verdadeira identidade da mãe de Jin o jogou diretamente no trabalho sujo do pai.
E a crise se agravaria na Ilha. Em meio a um relacionamento abalado, a todo descrédito de um casal sem comunicação, a gravidez de Sun traz uma nova chance para os dois. Porém, seriam preciso muitos ajustes e finalmente a verdade, dita da boca de Juliet, para que o casal tenha solidificado o relacionamento, fortalecido pelo perdão de uma traição.
E o perdão veio justamente da parte de um homem de uma cultura altamente machista. Jin perdoa, se desculpa e assume a culpa pelo afastamento da esposa. É de Jin, aliás, uma das frases mais belas de Lost, além de muitos momentos puros de romantismo.
Ao pedir a mão de Sun para seu pai, um lindo momento.
- Como posso entregar minha filha para um homem que desiste de seus sonhos, pergunta sr. Paik.
- Porque ela é o meu sonho – responde Jin.


É impossível enxergar completamente Lost sem considerar as belas histórias de amor. E Jin e Sun são um dos casais que estão naquela Ilha para renovar os votos, para rever o relacionamento.
A prova maior dos dois foi a separação involuntária gerada pela explosão do cargueiro. Em uma cena emocionante, vimos Sun perder seu grande amor. E no seu grito de dor, no seu desespero, a coreana perderia o que tinha acabado de reencontrar. Foi cruel e muito triste.
Sun nunca se recuperou. Nos três anos em que esteve fora da Ilha, só quis se vingar. Enfrentou o mundo do pai, a frieza das viagens de negócios, caçou Benjamin Linus, se aliou a Widmore. Tive medo dela. E para ter uma chance de rever Jin, Sun abriu mão da filha. Voltou para a Ilha sabendo que dificilmente retomaria a vida no continente.
Enquanto Sun sacrifica a maternidade pelo marido, Jin prefere mantê-la longe do inferno que se transforma a Ilha durante o período de viagens constantes do tempo.
Mas é o destino que manda, ou melhor, a Ilha é quem decide. E por mais cruel que pareça, apesar de tantos sacrifícios, tanta abnegação, os dois acabam separados por trinta anos.
Resta-nos esperar pelo reencontro. Deve ser, sem dúvida, mais um dos momentos inesquecíveis da série, carregado de dramaticidade e com uma trilha sonora de arrepiar ao fundo. Aposto que irá ocorrer. Talvez não tão de cara, logo no início da temporada. Ou talvez, pensando melhor, caso ocorra o reebot, o reencontro passe em branco...
O que é impossível negar é a solidez do amor entre Jin e Sun. O casal que superou muito mais do que diferenças sociais. O casal que nos ensina o perdão.

Palavra do Paulo

Sun e Jin nunca pareceram o casal perfeito. E de fato, nunca o foram enquanto casados. Em uma sociedade machista, o amor de ambos foi afogado por obrigações e acontecimentos que vão além da relação homem-mulher. O carinho e o afeto deram lugar a traições e mentiras. Quis o destino (será ele mesmo?) que de um desastre viesse uma segunda chance para ambos. De se encontrarem novamente e se descobrirem naquilo que lhes estava soterrado: o amor. Ainda bem que este sempre esteve lá.

Olha que graça o casal em versão Toon
Lembram do primeiro flashback de Sun e Jin? Aqui no Teorias tem um review de como foi

14 de ago. de 2009

Perfil Lost: Sayid Jarrah

por Paulo Roberto Montanaro

Ao contrário dos seus mais diferentes companheiros, Sayid parece ter tido sucesso no relacionamento com seu pai. Era motivo de orgulho para o patriarca da sua família, sendo sempre o fator de comparação para o seu irmão. Cresceu no Oriente Médio e serviu à Guarda Republicana do Iraque, seu país natal, por cinco anos, período onde ganhou respeito e conhecimentos militares, mas também onde aprendeu a fazer coisas terríveis por um bem maior. Se tornou torturador, ainda que sua índole o forçasse o contrário. Mas aprendeu a controlar seus sentimentos e emoções, a ser frio e calculista diante o inimigo, tornando-se assim um homem de confiança do seu país. Essa posição só fora abalada quando uma mulher – Nadia, uma amiga de infância e grande amor de sua vida - mexeu com seu coração a ponto dele mesmo questionar suas ideologias. A ajudou a fugir da prisão depois de torturá-la e atirou em seu superior, traindo sua confiança ao simular um ataque inimigo.

Os fantasmas de seu passado o aterrorizavam aonde quer que ele estivesse, fosse no Iraque, na França, em Sidney ou na Ilha. Foi exatamente trabalhando infiltrado pela CIA e traindo a confiança de um antigo amigo que acarretou em sua passagem de avião de Sidney para Los Angeles, vôo que todos nós já conhecemos como 815 da Oceanic Air Lines. Uma vez na ilha, Sayid é visto pelos colegas como um bom aliado em território hostil, tanto pela sua experiência como soldado, como pelos seus conhecimentos técnicos e tecnológicos, principalmente na área de comunicação. São dele alguns aparatos construídos ou adaptados para tentativas de se buscar ajuda depois da queda e, se estes não funcionaram como deveriam, foi menos por competência do iraquiano do que por outros fatores.

Contudo, mais uma vez seus traumas do passado voltaram a atormentá-lo. Suas habilidades em tortura foram necessárias mais de uma vez, mesmo ele tendo jurado para si mesmo que nunca mais faria aquilo. A Ilha muda paradigmas e juramentos eternos. As condições que ela impõe aos seus habitantes, novos ou antigos, são capazes de responder dúvidas, ou questionar certezas. E Sayid, o iraquiano, ficou conhecido como “o torturador”. Talvez não quisesse ter essa qualidade ligada a ele, mas certamente ela nunca o abandonou. Mesmo que não gostasse, era bom naquilo. Curioso é que, quando usou suas habilidades na Ilha, não alcançou os resultados, seja com Sawyer, seja com Benjamin Linus. Suas competências eram muitas, todavia se mostraram sistematicamente inúteis durante um bom tempo.

De qualquer forma, sempre esteve ligado ao grupo de elite dos sobreviventes. Estava disposto sempre a participar de expedições de resgate ou nas tentativas de fuga da Ilha. Se envolveu com Shannon, mulher a quem viu morrer quando parecia que ela poderia ser um alento para o seu sofrimento e sua culpa. Em suas andanças, encontrou Danielle Russeau, francesa que vivia na Ilha havia muito tempo, considerando a gravação que ela deixara transmitindo por desesseis anos, gravação esta inteceptada e interpretada pelo próprio iraquiano ao lado de Shannon. Sayid liderou uma tentativa de resgate aos passageiros que foram feitos prisioneiros por Ben, ao lado de Jin e Sun, dentre outras, como se buscasse redenção pelos erros do passado. Também foi protagonista do plano que deveria eliminar os Outros que estariam no acampampamento dos sobreviventes quando estes partiram para a torre de transmissão à espera de um barco de resgate (que mais tarde se revelaria o cargueiro de Widmore e que não tinha intenção de resgatá-los). Com seu plano, Sayid conseguiu eliminar alguns de seus adversários, mas a falha de Bernard ocasionou a prisão dele e seus colegas. Foi salvo da morte por Hurley e sua kombi Dharma.

Quando o cargueiro chegou à praia, esteve ao lado de Jack na decisão de deixar a Ilha, e foi o primeiro, ao lado de Desmond, a subir no helicóptero pilotado por Lapidus. Uma vez no cargueiro, confrontou Keami e, de certa forma, soube que alguma coisa não estava certa. Conseguiu consertar o rádio da embarcação e possibilitou uma conversa emocionante entre Desmond e Penny, fato que também salvou a vida do “Brotha”. Acabou, por circunstâncias, sendo um dos resgatados da Ilha, os Oceanic 6, e desta forma conseguiu deixar o lugar. Lá fora, encontrou seu grande amor, Nadia, e se casou com ela o quanto antes. Viveu feliz ao seu lado até que ela foi vítima de um atropelamento. Depois da morte de sua amada, Sayid se vê na obrigação de vingá-la e se une ao seu grande inimigo na Ilha, Ben, para caçar os aliados de Charles Widmore, suposto homem por trás do assassinato. Ao final do trabalho, se muda para a República Dominicana, buscando um pouco de paz para sua vida atormentada, mas novamente ele se sacrifica por um amigo, Hurley, a quem resgata do Instituto Santa Rosa. Quis o destino que ele retornasse à Ilha, algemado e obrigado por Ilana, para em 1977 atirasse no jovem Ben e ajudasse a torná-lo o homem frio e violento que conhecera. Como seu último (?) ato, ajudou Jack a armar o incidente que conseguiria mudar o futuro para que a queda do avião e tudo o que eles tinham vivido após ela fosse alterado. Talvez tenha conseguido, talvez não.

O fato é que Sayid é um homem atormentado pelo seu passado, pelas suas escolhas e pelo que se tornou nas circunstâncias de sua vida. Amargurado, carrega consigo a culpa não pelo que fez, como Kate, mas pelo que inexoravelmente ele sabe ser: um torturador. Assassino, soldado ou traidor, Sayid, que mostrava equilíbrio e força interna, teve como única fraqueza amar. E o amor é um luxo que um homem como ele jamais pode ter sem arcar com as consequências.

Palavra da Karen

Sayid Jarrah é o mais perigoso lostie. Assassino nato que ainda criança é capaz de quebrar o pescoço de uma ave sem pestanejar. Mais tarde atiraria em uma criança.
De todos naquele lugar, com certeza é a pessoa de quem eu teria mais medo porque não há tabus morais para ele. E embora sinta remorso, o iraquiano repete os comportamentos não importa o que aconteça. Seguidor da filosofia maquiavélica, os fins justificam os meios e por isto ele será sempre o torturador. Se a redenção é a palavra chave da estadia de todos naquele misterioso lugar, Sayid é quem está mais longe.

Olha o Sayid versão toon no Toon Series!
Lembra do primeiro flashback do iraquiano? Veja o review no Teorias Lost.

11 de ago. de 2009

Perfil Lost: Benjamin Linus

por Karen Aguiar Belintani

Benjamin Linus é sensacional por causa de Michael Emerson ou Michael Emerson é sensacional por causa de Benjamin Linus? É difícil responder esta pergunta, mas arrisco dizer que o ator é imprescindível para o carisma do personagem e que sem ele, Ben jamais seria o Linus que amamos.
Ben é prato cheio para estudos psicológicos, sociológicos e tudo o mais possível. Criado sem mãe, vítima de abuso infantil por pai bêbado em meio um bando de hippies loucos, rejeitado, deslocado, QI alto.
Não bastasse todo o sofrimento que foi vítima na infância, foi traído por quem pensou ser sua salvação. O tiro à queima roupa de Sayid impossibilitou que o adulto Ben fosse qualquer coisa menos que um psicopata. Porque a rejeição – um dos sentimentos mais devastadores e causadores de patologias emocionais - foi mesmo a tônica da vida do futuro líder dos Outros, ele ainda amargaria a indiferença de Juliet, por quem nutria uma paixão tão doentia a ponto de mandar o amante da amada para a morte certa.
E o pior: Jacob. O próprio manda chuva da Ilha. O grande líder e nome a ser seguido e temido, rejeitou Ben ao relevá-lo à mera vitrine do comando. Pelo que fica bastante claro no episódio final da 5ª temporada, Ben realmente só recebia por Richard as ordens de Jacob, muitas delas sem sentido aparentemente, outras bastante antipáticas como as listas e os sequestros. Nunca, porém, foi recebido por ele. Rejeição dói. Deixa cicatrizes. E tanta rejeição assim transformou Benjamin Linus em alguém perigoso.
Ben sem dúvida é alguém a ser temido. Capaz de muitas coisas. Mas não o bastante mal para matar um bebê e sua mãe, como Alex e Rosseau. Assim, o que para o público era a grande crueldade dele, era na verdade um ato de coragem que salvou mãe e filha da morte certa. O desafio ao líder da Ilha na ocasião, Widmore, pode ter contribuído para a ascensão do jovem ao comando. Mas também diferente do que pensamos, a expulsão do pai de Pen da Ilha foi mais gerada por seus próprios atos do que por uma conspiração de Linus. E mais uma vez, ele foi mal interpretado e levou a culpa por algo que não fez.
Ben se tornou mestre na manipulação, é verdade. E talvez por isto, eu seja mais uma manipulada que não o enxerga como o monstro que parecia ser no início. É que ele sempre surpreende. Fiquei vários episódios esperando ver a morte de Pen por suas mãos. Tinha certeza plena disto. Mas na hora H, Ben se mostrou até frágil no seu propósito maior e engoliu a vingança. Não conseguiu matar uma mãe na frente do filho.
Porque talvez Ben seja muito mais humano do que pensamos. Muito mais vulnerável do que imaginamos, muito mais fraco do que ele próprio se julgue. E talvez ele tenha percebido isto ao perder Alex. Ele foi o responsável pela morte da filha. Mas fica uma dúvida: se a Ilha queria a garota morta desde bebê, poderia ter sido salva? E se a Ilha quer tantas coisas, onde entra o livre arbítrio que Jacob tanto fala...mas ai já é outra questão, e esta análise não é sobre ele. Mais pra frente falemos sobre isto...
Se não foi capaz de dar cabo em Pen, porém, a vida de Locke não valeu nada e nem por um minuto ele pestanejou ou se arrependeu por uma das cenas mais fortes e marcantes de Lost. Enforcar Locke foi o ápice de sua vilania. E apesar da pena que temos do personagem de Terry, fica difícil hoje imaginar Lost sem aquele grande momento e suas consequência para a estória.
O que temos sobre Ben, porém, é o exemplo do que uma vida repleta de rejeição é capaz.O garoto aprendeu a dissimular, a manipular, a jogar. Mas no fundo, que não fique dúvida, Ben sempre foi profundamente infeliz. E o que seria dele se a mãe não tivesse morrido ou se o pai não o maltratasse e culpasse, ou mesmo se Sayid não tivesse atirado e o levado a ser salvo pelos Outros. Mais: se Sayid não tivesse destruído o último laço de confiança que ele tinha com outro ser humano. O que seria de Linus? Só é possível conjecturar. Mas óbvio: não teríamos o vilão genial e carismático, o personagem tão bem construído e tão fascinante que temos. E que faria imensa falta se não fosse absolvido pelo monstro de fumaça.
O que será dele daqui por diante também não é fácil apostar. Espero que Ben se reerga, encontre forças para, quem sabe, ser um novo homem, ou aperfeiçoar sua vilania. Assim como Sawyer teve sua redenção ao matar o fantasma de seu passado, Ben pode renascer das cinzas após matar Jacob. Tomara.
E ao falar de Ben não dá para deixar de mais uma vez se desmanchar em elogios ao maravilhoso Michael Emerson. Ator de primeira grandeza. Ele é um mestre responsável pela grande impacto que todos os atos de Linus causa no público. Dizem que Ben só teria alguns capítulos na segunda temporada, mas a atuação do ator fez os produtores criarem uma estória para Ben. Não sei se é verdade. Mas se for, que bom. Lost ganhou muito.
E sejamos justos: Terry O´Quinn é o par perfeito para a maestria de Emerson. Dupla genial que nos brinda com atuações brilhantes a cada aparição conjunta. Que venha mais..

Palavra do Paulo
"Não existe uma frase mais clichê do que “Ben é o vilão que amamos odiar, ou que odiamos amar”. Felizmente podemos, neste caso, nos dar ao luxo de partir do senso comum. Com suas intrigas e artimanhas, mentiras e atos extremos, Benjamin Linus é exatamente o contrário do que o maniqueísmo prega. Tormentos do passado podem ser um grande estopim, e as conjecturas de seus atos o transformaram em algo pavoroso, mas a solidão é a fraqueza que está lá para provar para todos nós, inclusive para o próprio, que ele nada mais é do que um homem.

Confiram aqui a versão toon do querido Ben Linus

24 de jul. de 2009

Perfil Lost: Hugo "Hurley" Reyes

por Paulo Roberto Montanaro

Hurley não tem malícia. E em um sentido bem amplo. Dentre todos os personagens principais de Lost, e mesmo se comparado à grande maioria de todos os que passarem pela Ilha, ele se mostrou aquele que menos se preocupou em mostrar ser alguém que não era. Seus segredos – quem não os tem? – não escondiam vergonhas ou um passado problemático, mas culpa. Afinal, ele tinha a plena certeza que, ao ganhar mais de U$116 milhões na loteria, tinha trazido o azar e a desgraça para todos aqueles que o cercavam. E isso, talvez, porque o grande e maior defeito do Dude era não ter certeza de sua própria sanidade mental, visto que em um passado recente, ele se convencera de que o Instituto Mental Santa Monica era o lugar dele.

Sua trajetória abarcou todos os percalços possíveis. Teve seus problemas de família, algo recorrente dentre os personagens da série. Seu pai, figura de admiração de quando era criança, fugiu sem sequer se despedir, dando uma desculpa de viagem a trabalho. Já com o físico alterado por uma disfunção alimentar, Hurley se sente culpado pela queda de um deck onde estava, evento onde algumas pessoas faleceram e, em choque, ele acaba se internando no instituto para doentes mentais citado anteriormente. Lá, acaba conhecendo Dave, figura que mais tarde ele descobriria ser uma criação de sua mente. Dave, mais tarde, na Ilha, também voltaria para por em questionamento a sanidade de Hurley novamente, mas como da primeira vez, ele consegue se libertar desse fantasma.

Ao conseguir sair do instituto, Hurley se sente recuperado, volta a trabalhar como atendente em lanchonete, e lá sofre com o preconceito e o abuso de autoridade de seu patrão, o que contribui para diminuir ainda mais sua auto-estima. Seu peso já lhe incomodava e isso parecia sempre ser motivo de chacota para os demais, principalmente aquele que pagava seu salário. Tudo isso promete mudar quando ele ganha na loteria, utilizando os famigerados números 4, 8, 15, 16, 23, 42, que mais tarde vamos descobrir significar muito mais do que uma sequência de sorte. Se torna milionário, coisas ruins começam a acontecer em sua volta e ele entende que não foi uma coisa boa ter ganho tanto dinheiro. Ainda assim, ao ter profissionais cuidando de suas finanças, se torna ainda mais rico. Em pouco tempo, é dono da fábrica de caixas onde descobrimos ser o mesmo lugar onde Locke trabalhava e, principalmente, se torna dono da lanchonete de onde tinha saído. A maldição do dinheiro vai deteriorando ainda mais a auto-confiança dele e, com o retorno de seu pai e a tentativa desmascarada de provar que não havia nada de errado com sua sorte arrebentam com o equilíbrio mental que ele conquistara e sua obsessão era encontrar os motivos dessa maldição. Essa busca o leva ao vôo 815, no qual sofre o acidente que o faz cair na Ilha, e até mesmo por esse desastre, ele se sente responsável.

Dentro da Ilha, acaba sendo um dos únicos sobreviventes a se relacionar bem com todos os lados do grupo. Não tem conflitos ou problemas com a liderança assumida por Jack, nem com os apelidos lhe conferidos por Sawyer – que foram muitos – nem com ninguém. Ironicamente, era sempre a voz mais consciente dentro do grupo, buscando encontrar em cada detalhe um motivo para eles não se destruírem pelo desespero. Criou um campo de golfe, construiu uma forte amizade com Charlie, encontrou em Libby, por poucos dias, o amor que jamais teve coragem de buscar fora da Ilha, venceu seus medos e traumas, salvou a vida de seus companheiros quando encontrou a Kombi Dharma e sempre superou as expectativas de seus colegas quanto a ele. Lá, assim como tantos outros, se tornou alguém, parte de um todo, condição que ele jamais conquistara antes de cair na Ilha. E se todos sempre apontaram que Locke havia sido o que mais havia se adaptado àquele ambiente, Hurley passou dificuldades no início, principalmente com alimentação, mas logo conseguiu encontrar seu espaço e seu próprio modo de vida.

Quando consegue sair da Ilha, sua segurança, aos poucos, vai minando. Longe de seus amigos, longe de seu ambiente, novamente 150 milhões mais rico, sua auto-confiança vai se decompondo. Ver Charlie Pace, depois de morto, foi a gota d'agua para que seu interior explodisse novamente, o fazendo implorar para voltar para o único lugar do planeta onde se sentia seguro: o Instituto Santa Monica. Suas visões e seus fantasmas não o abandonam e, mais uma vez, a culpa o atormenta. Desta vez, ele se sente culpado de ter deixado para trás seus companheiros, de ter mentido fora da Ilha para o mundo e de não ter feito nada para ajudar aqueles que estavam perdidos. Ainda que não quisesse voltar, uma visita de Jacob foi fundamental para que ele refizesse aquele caminho em busca de respostas e de paz.

Hugo Reyes é um cara simples. Um parceiro para todos os momentos, que apesar de todos os traumas e culpas, foi a voz inocente da razão. Sua ligação com os números acabou se tornando o maior de todos os seus segredos, principalmente para ele mesmo. Um homem atormentado, mas que nunca deixou de partilhar com os outros a sua bondade gigantesca, ou o seu Chocolate Apollo. Não tem remorsos, ou mágoas, e se os tem, logo se permite livrar deles. Foi assim que retomou a sua relação com seu pai e com todos os outros que lhe fizeram algum tipo de mal. Seu dom parece algo muito mais importante do que uma doença mental, como ele mesmo acredita,e pode ser fundamental no desfecho da saga dos sobreviventes do voo 815. Ao contrário, a importância do Dude nos sorrisos e na vida de cada um que esteve ao seu lado já é real e definitiva.

Palavra da Karen

Hurley é o boa praça! Uma figura que todos, de alguma forma, conhecemos, pois nos faz lembrar de tudo o que é bom em um amigo. Dono de tiradas impagáveis (quem vai esquecer a tentativa de escrever o roteiro de Star Wars com melhorias..) ele eleva o astral dos losties em qualquer situação.
Tanto que é fácil esquecer do passado também complicado que inclui abandono do pai e uma inexplicável maldição nas costas.
De coadjuvante cômico a mediador foi um passo. E aposto que o boa gente tem ainda uma conexão especial com a Ilha....

Confiram também a versão toon do Dude

21 de jul. de 2009

Perfil Lost: James "Sawyer" Ford

Atenção – spoilers para quem não viu a 5ª temporada

Por Karen Aguiar Belintani

O tigre que mudou as listras. Assim James Ford assumiu quase que por completo a personalidade de Sawyer. Se não totalmente, praticamente. E se a redenção culminou em mais uma perda, o que será do agora ex bad boy sem seu grande amor? Será que alguém consegue perder tanto assim?
O golpista clichê que conhecemos no começo da série se transformou num anti-herói comparado ao capitão Han Solo (Star Wars) em termos de prestígio na cultura pop, tamanho o carisma e importância que o personagem ganhou ao longo da série.
E tudo podia ser diferente. O que teria sido de James se o pequeno órfão traumatizado pela perda dos pais mortos em um drama a la Nelson Rodrigues, tivesse esquecido a sede de vingança. Mas Jacob não quis: e fez questão de garantir a caneta que escreveria uma estória triste e irônica iniciada na carta redigida no dia do funeral dos pais.
O garoto não teve muitas escolhas, isto não se pode negar. Virou golpista, trapaceiro, aproveitador. Usava o charme para criar tragédias gregas similares a que foi vítima. E quantos corações partidos deve ter sido o causador...
Sawyer nasceu James, mas foi forjado Sawyer. Não é difícil entender como alguém se perde na vida com tamanha tragédia nas costas. Mãe adúltera, pai assassino e suicida não são gens bons para serem herdados. E não é difícil entender porque ele se tornou o que mais odiava. É de alguma forma nossa mente nossa nos culpa por algo que não conseguimos explicar, que não entendemos porque aconteceu...E para o garoto James, a terapia foi a vida, que geralmente tem uma didática cruel para ensinar.
Assim Sawyer chega na Ilha: querendo ser odiado por ser o que mais odiava. Por isto aplica golpes, tira vantagem, se coloca o papel de vilão. Ele chegou a ser...mas no fundo acho que todos sabíamos que não seria ele de fato o grande vilão de Lost.
A grande virada começa na terceira temporada. Quando se vê na posição de líder temporário do acampamento, sem Jack e Locke por perto, ele começa perceber que não seria tão mal não ser o inimigo número I dos mocinhos. Aos poucos os golpes deram lugar a ações de envolvimento com o grupo. E quando ele salva Claire na invasão dos mercenários do cargueiro à Vila dos Outros, já na quarta temporada, percebemos que ele gosta de sua nova postura. Seria um caminho sem volta?
Mais do que peça do triângulo amoroso, com o caso com Kate, Sawyer tem aos poucos suas fragilidades expostas. Se chegou a amar Kate? Até aquele momento na gaiola dos Outros na cena hot com a fugitiva, emocionalmente ainda faltava algo para estar pronto para uma relação de verdade. Ou melhor..talvez tenha sido uma relação, mas a la Sawyer. Nem de longe foi o que James poderia viver com uma mulher.
Foi só com Juliet que ele se comprometeu. Pois era ela o único tipo de mulher que poderia amansar seu coração e finalizar a metamorfose emocional de James. E com Juliet, o anti-herói se torna um líder. Ao ficar na Ilha, ele percebe que não precisa mais apanhar da vida.
Talvez James seja o personagem que mais evoluiu ao longo da série. Conseguir a vingança não foi tudo, não foi o fim da linha, foi só o começo do novo caminho, onde era claro não ter mais espaço para Kate e os jogos infantis entre um trambiqueiro e uma fugitiva.
A última vez que o vimos, ele sofria uma grande perda novamente. O que a Ilha fará dele novamente, não sabemos, só especulamos.
Talvez ele volte a ser Sawyer...Mas com certeza, aquele desfecho, James não merecia.
Arquétipo do conquistador
Sawyer sempre usou o sarcasmo como escudo. Mas ao mesmo tempo que irritava os losties, ganhava simpatia do público (não total, claro, ninguém é unanimidade em Lost), sendo o grande porta voz da cultura pop na Ilha. Os apelidos, as tiradas, o charme do golpista sulista conquistaram boa parte das fãs do sexo feminino, além dos caras, porque no fundo, acho que muitos gostariam de ter algo de Sawyer...o conquistador, aventureiro que vive livre de obrigações e responsabilidades, quase à margem da sociedade ....Um arquétipo mítico comum no inconsciente coletivo, ouso dizer.
Se os roteiristas ajudaram bastante dando a James uma boa estória mesclada entre drama e irreverência e um texto divertidíssimo e inteligente, Josh Holloway também foi fundamental no crescimento do personagem na série. De canastrão a ator de verdade, o lindo ex-modelo conferiu um carisma inigualável ao personagem mesmo quando ainda não sabia atuar. Agora que chegou a outro patamar em termos de atuação, com a grande performance da quinta temporada, especialmente no episódio final, o que podemos esperar de James na sexta temporada??

Pitaco do Paulo
Apelidos, sorrisos de canto de boca, sarcasmo, egoísmo, mais apelidos e um jeitão todo politicamente incorreto. É assim que conhecemos o verdadeiro anti-heroi, oposto do médico bondoso e altruísta que se tornaria líder do grupo. Sawyer sempre foi o anti-Jack, o oposto entre o bom e o mau, o certo e o errado, e verdadeiro e o falso, o sim e o não. Buscou sua redenção, superou a própria máscara e se mostrou muito mais do que o golpista que ele mesmo havia criado. Não é mais Saywer. É James.

Para relembrar...vale a pena acompanhar o review do Leco, do Teorias. Aqui ele fala sobre o primeiro episódio centrado em James, Confidence Man.
Confiram a versão toon do bonitão aqui no Toon Series

13 de jul. de 2009

Perfil Lost: Kate Austen

por Paulo Roberto Montanaro

Uma mulher marcada pela culpa. Talvez seja muito raso definir Kate assim, mas não deixa de ser oportuno. Marcada por ter assassinado o pai e ter sido diretamente culpada pela morte de seu amor de infância, Kate encontra na ilha, como muitos outros, a chance de dar um reboot em sua vida. O problema é que seus traumas estão sempre buscando atingí-la novamente. Quando todos descobrem que ela estava no avião detida por um agente, seu passado é levado a tona e a confiança inapelável de seus novos companheiros é abalada. Aos poucos, a história é esquecida, ou momentaneamente deixada de lado, já que a ilha tem o poder de fazer com que cada um deles tenham outros focos. Encontrar comida ou abrigo era só o começo. Foram diversas as situações em que ela se encontrou na ilha, sozinha ou acompanhada, tendo sua coragem sob provação o tempo todo. Os Outros pareceram ter um interesse importante nela em algumas ocasiões, o monstro de fumaça idem. Resgatou companheiros, salvou vidas, mesmo a de um homem que ela sabia que mais tarde se tornaria seu pior inimigo, e mesmo se considerando culpada pela própria tragédia, sempre tinha um sorriso e uma palavra amiga nos momentos difíceis.

Sua trajetória na ilha foi sempre ao lado do pelotão de elite dos sobreviventes. Presente quase eu todas as missões de resgate ou de exploração, logo Jack, Sawyer e companhia percebem que ela não é uma mulher delicada como parecia. Kate demonstrou muita habilidade em rastrear pessoas e coisas pelas trilhas da ilha, bem como se portou muito bem com armas de fogo. Mas o grande destaque de Kate dentre esse grupo foi ser o vértice de um complicado triângulo amoroso. Com Jack, Kate parecia encontrar um homem com quem poderia ter segurança e paz, finalmente, algo que nunca teve em sua vida. Já com Sawyer, havia uma certa animalidade que fazia parte dela e que somente ele parecia fazer surgir. Sua indefinição amorosa se mostra somente um retrato de sua personalidade complicada. Kate está sempre escondendo algo. As vezes, de si mesma. E exatamente por isso, ela nunca consegue se firmar. Quanto parece conseguir se estabelecer, ela fica desconfortável e seu primeiro impulso é fugir.

Depois de um recomeço na ilha, Kate foi uma das personagens que conseguiu sair de lá. Foi uma das chamadas Oceanic 6 e, ao chegar ao continente, ou ao mundo real, acabou inevitavelmente sendo levada para julgamento pelos crimes que cometera. O principal, motivo de ter sido perseguida por anos pela polícia, é o assassinato do próprio pai, homem violento e alcoólotra que abusava de sua mãe e que, por algumas vezes, quase abusou sexualmente da própria filha. Ainda assim, mesmo sua mãe e condenou e a entregou sempre que pode. Fugiu, se escondeu, rodou o mundo e fora presa na Austrália, de onde estava voltando quando entrou no voo 815. Acabou conseguindo fazer um acordo com a acusação, no qual não poderia sair do estado. Ela aceita e sua missão de vida acaba sendo cuidar do filho de Claire, o qual assumiu como seu para todos, inclusive para ele mesmo. Consegue se acertar com Jack, de quem fica noiva, mas os problemas de vício do médico e as brigas nas quais se envolviam, algumas inclusive exatamente por ela esconder algo dele, os distancia. Enquanto ele se afunda no alcoolismo e na depressão, ela segue sua vida, de certa forma bem, pois ainda tinha Aaron.

Três anos depois, os fantasmas do passado voltam a assombrar a senhorita Austen. Advogados a procuram questionando a sua verdadeira maternidade. Há um movimento para que todos voltem à ilha e, mesmo negando em um primeiro momento, ela volta atrás e decide encontrar Claire, de quem ela acredita que Aaron jamais deveria ter sido tirado. Mais uma vez, a culpa a assombra. E talvez seja esse o grande motor de Kate. As suas ações mais importantes não são movidas a desejo, ou ganância, ou sonhos, mas sim a culpa. E logo ela descobre que não importa o quanto possa fugir. A culpa sempre estará ao lado dela.

Se não é uma grande heroína, certamente não há alguém que tente o ser mais do que ela. Não para ganho próprio, como dito anteriormente, mas porque parece que Kate sempre está buscando se redimir de seu passado. E se os heróis cometem os maiores erros, os dela sempre estão interferindo na vida de seus companheiros. Jack, Kate, Juliet, Aaron, Claire, Ben... de uma forma ou de outra, todos tiveram suas vidas dependendo das ações dela. Talvez estas nunca tenham sido as melhores, mas estiveram sempre desprendidas de satisfação pessoal. Tal como um mártir, Kate não é o nome que ficará na história, o que é exatamente o que ela quer. Não ser lembrada. Não ser reconhecida. Ela acredita que não merece. Quicá, esteja certa.

Palavra da Karen

Kate é egoísta. Matou o pai por capricho. “Raptou” Aaron por capricho. Casou e abandonou o marido por capricho. Provocou a morte do ex-namorado por capricho. Jogou com James e Jack por capricho.
Kate é a típica garota imatura que usa charme para conquistar o que quer. Usa pessoas e se faz de boazinha. Atrapalha relações duradouras e não tem objetivos definidos. Denigre a imagem feminina com sua apelação barata ao sex appeal vulgar. Inquieta e sempre com segundas intenções, ela transforma seus atos em alavancas traiçoeiras que influenciam a vida de terceiros.
Não teria chegado a hora de Kate crescer?

11 de jul. de 2009

Perfil Lost: Juliet Burke

por Karen Aguiar Belintani

Juliet Burke é a personagem de quem as mulheres podem se orgulhar. Figura feminina emblemática, Juliet é meiga e forte. Representa a determinação e a fragilidade que tornam as mulheres seres tão míticos.
A loira consola, releva, mas sabe atacar. Lida com a vida e com as pessoas com toda sensibilidade. Mas sabe exatamente como sobrepor a determinação de forma firme e indiscutível. Se sacrifica sem remorso e não desiste. Juliet traz à tona exatamente a flexibilidade feminina que faz com que consigamos cuidar de filhos e enfrentar uma reunião com executivos, por exemplo – a dualidade de manter na alma a leveza e a força, a sanidade e a loucura. E esta característica marcante que Elizabeth Mitchell soube muito bem conferir à personagem garantiu uma enorme empatia com o público.
Como a maioria das mulheres, a conquista pela maturidade e segurança emocional não foi fácil. Jules viu o casamento dos pais ruir ainda criança. Teve um primeiro casamento péssimo com um homem dominador e egoísta.
No auge da carreira, recebeu um convite *"que não pode recusar” e acabou na Ilha. Logo o que pareceu seu pior pesadelo: estar presa aos jogos e chantagens de Ben – ou seria de Jacob – acabou sendo o fortalecedor de sua personalidade. Foi moldada pela Ilha, pela dureza de ser uma Outra, que ela mesmo chegou a definir como estressante, e que a fez aprender a lutar pelos seus objetivos a qualquer custo.
Paralelamente, o começo da personagem teve uma repercussão complicada. As ações da médica que parecia fazer qualquer coisa para sair da Ilha a tornaram antipática aos simpatizantes dos losties.
Mas Jules travava uma guerra particular com Ben e talvez mais do que sair da Ilha, ela queria se livrar da sua obcecada perseguição. Hoje isto é totalmente compreensível.
Atormentado pela paixão que sentia por Juliet, o líder dos Outros foi capaz de mandar seu primeiro rival, Godwin, para uma armadilha, que ele sabia, hora ou outra, seria mortal.
Com mais uma complicada carga emocional nos ombros, Juliet faria qualquer coisa para se livrar da prisão que sua vida se tornou e forjou uma carapaça de frieza. Aprende que está em guerra. E nesta guerra precisará de aliados.
Aposta em Jack, pedindo que mate Ben na cirurgia. Mata Picket para fazer valer o acordo que garante sua saída da Ilha. E vê sua sorte acabar ao ver a destruição do submarino.
Mais uma vez nas mãos de Ben, Juliet é obrigada a apostar em uma mentira. Mas desta vez, sua força real ressurge de forma definitiva. Ela joga na verdade para vencer o medo que sempre teve de acabar na Ilha. Como pessoa íntegra e coração bom, escolhe o lado que quer ficar.
A aceitação não foi fácil. Tanto com os losties, como com o público a confiança foi uma difícil conquista, que se revelou definitiva. Definitivamente integrada aos losties, se mostra fundamental na resolução das crises. Apazigua e defende. Toma à frente e se envolve.
Mas a trajetória da loira é triste. Por tantas vezes se viu na eminência de sair da Ilha. Por tantas vezes se viu frustrada. E por outras tantas renasceu das cinzas.
Deixada para trás, Jules foi decisiva na sobrevivência pós viagem no tempo. E reconstruiu sua história. Ao lado de James, ela foi feliz por três anos.
A continuidade desta história me dói a alma. Porque ao detonar a Jughead, a personagem feminina que mais lutou pela felicidade parece ter sido sacrificada. Mas a estória só acaba quando termina. E tenho esperança de que ainda há algo preparado para seu ela até o fim de Lost.

Jules faz partos e conserta carros. Atira e ama. Prepara o jantar para o marido e toma decisões que sabe terem repercussão negativa. Conquistou James, o bad boy típico inimigo de relacionamentos, que ao sentir sua perda, a valorizou como nunca. Porque ele sabia que entre ela e Kate, a possibilidade real de felicidade estava ao lado da mulher verdadeira, inteira, completa.
Se conhecemos uma Juliet de caráter duvidoso e desconfiamos de suas intenções por tempos, hoje acho que é praticamente unanimidade a bondade da médica.
O olhar que lança ao submarino que se vai para o continente quando deixa a embarcação no episódio O Incidente simboliza o quanto uma mulher pode deixar ao fazer as escolhas corretas. Corretas para a vida, não melhores para ela. E é aí que Jules se torna a imagem feminina que prefiro tomar como símbolo. Porque indiscutivelmente, Juliet escreve uma estória digna de ser contada.

* referência ao filme Poderoso Chefão


Palavra do Paulo

Juliet surgiu como uma Outra diferente. Não parecia estar tão certa de suas ações como todos os outros do seu grupo. E, com o tempo, conseguimos saber exatamente o porquê. Mulher forte e de fibra, aos poucos acabou conquistando a confiança do grupo dos passageiros do vôo 815, tocando corações, tomando decisões difíceis e que ninguém mais teria coragem de tomar e, sem dúvidas, se tornou parte deles. Acabou, ela mesma, tornando-se uma sobrevivente, não de um acidente de avião, mas dos percalços e das rasteiras que a vida lhe apresentou. E o sacrifício é a sua redenção.

3 de jul. de 2009

Perfil Lost: Jonh Locke

Por Paulo Roberto Montanaro

Locke é um desafortunado. Um homem escolhido pela vida para passar por todos os tipos de provações possíveis. Nasceu prematuro, doente e órfão de pai; foi levado para adoção pela avó. Enfrentou tragédias em sua família adotiva, foi alvo de chacota no colegial por ser mais interessado em ciências do que em esportes ou coisas mais populares. Ainda assim, negou por várias vezes aceitar um caminho para o qual estava predestinado. “Não me diga o que eu não posso fazer” é a sua resposta quando a vida lhe mostra o caminho que ele inexoravelmente deveria seguir.

Já adulto e mais velho, Jonathan Locke trabalha em uma loja de departamentos e tem uma vida simples. É encontrado por uma mulher que diz ser sua mãe e que ele fora gerado imaculadamente. Descobre que ela tem um histórico de doença mental e que seu pai estava vivo. Mesmo com tantas privações, ele se permite ir atrás desse seu passado. É recebido de braços abertos por Anthony Cooper e se sente parte de uma família, pela primeira vez. É enganado, doa seu rim para o homem que some depois do transplante. Ao tentar superar o trauma, conhece Helen, mulher pela qual se apaixonaria e que quase se tornou sua esposa, não fosse o envolvimento de Locke novamente com eventos criminosos do pai. Tentou viver em uma comunidade onde acreditava ter encontrado pessoas que realmente poderiam gostar dele, mas novamente foi enganado, já que ajudou a encobertar uma plantação ilegal de maconha e quase matou um policial por isso. Quando encontra seu pai mais uma vez, tentando lhe convencer a não palicar mais um golpe em uma boa família, aquele mesmo homem que roubara seu rim e que o fizera perder a amada o derruba de uma altura de 8 andares, queda da qual Locke sobrevive milagrosamente, mas que lhe tira os movimentos das pernas.

Trabalhando em uma companhia que faz caixas, sendo novamente motivo de riso entre os colegas de trabalho e sem mais nada na vida, ele decide ir a uma expedição. Uma viagem pela Austrália selvagem, de onde deveria voltar renovado, segundo conselho de um enfermeiro que depois descobriríamos ser Matthew Abaddon. Ao que a companhia que promove o chamado “Walkabout” nega sua jornada por descobrir que ele era paralítico e que ele não poderia fazer aquilo, Locke se revolta contra a própria condição mais uma vez. “Não me diga o que eu não posso fazer” é o que ele brada ao homem, mas o grito era quase uma explosão com o próprio mundo que lhe virara as costas. Locke era um desgraçado.

Caiu na ilha no vôo 815 quando voltava da Austrália para os Estados Unidos e lá, se descobre um novo homem. Acorda com os movimentos do corpo restaurados em meio ao caos da queda. Se mostra um caçador exímio, um homem preparado para as condições extremas da ilha como nenhum outro passageiro daquele vôo, alguém que, ao contrário de todo o resto, não lutava contra aquela situação e sim a entendia como a sua verdadeira redenção. Como se aquele fosse o único lugar do mundo para ele. Como se ali ele fosse o único lugar onde era ele quem decidia o que poderia ou não fazer. Ali, ele se permitiu novamente acreditar. O homem que havia sido traído por tudo e por todos em quem acreditou continuava com uma confiança inabalável em sua crença.
Um homem de fé, se antepondo ao homem da ciência, Jack, que àquela altura se tornava o líder do grupo de sobreviventes. Tal como o filósofo de quem herdou o nome, John era a ponte, na ilha, entre a civilização que o desprezara e a natureza que o abraça na ilha.

Locke passou por todas as provações possíveis, e sempre acreditou. Acreditou nas pessoas, acreditou na ilha e, principalmente, acreditou em si. Acreditou que poderia decidir, ele mesmo, o seu caminho. Mas só esteve em paz consigo mesmo quando passou a acreditar que havia algo maior que ele que deveria ser feito. Teve fé, mesmo não sabendo em quê exatamente. E foi capaz de dar a vida pelo que acreditou. Na ilha, continuou sendo traído pela própria crença. Foi baleado, foi ferido, foi enganado, foi renegado, foi acusado... Mas a sua crença se tornou inabalável. Somente ele poderia dizer o que ele era capaz de fazer. Depois de dar a vida, o que mais pode-se esperar do homem da fé?

Palavra da Karen

É impossível não pensar em Locke e sentir uma certa melancolia. A complexa equação formada por abandono e muita ingenuidade resultou em uma das mais marcantes figuras da TV.

Ele chega à Ilha com a fragilidade emocional renovada por um milagre. E pronto para o que considera sua grande missão. Mas nada foi fácil. Locke viu suas certezas se dissiparem com o tempo. Foi enganado pela pela Ilha e se tornou o sacrifício maior, só não sabemos ainda para que. Parece estar morto. Será este o fim do personagem? Eu acho que não...



Aqui review do primeiro e um dos mais marcantes episódios centrados em Locke na vis]ao do Leco, do ótimo Teorias Lost

30 de jun. de 2009

Perfil Lost: Jack Shephard

por Karen Aguiar Belintani

Jack Shephard é um cara complexo. O bem sucedido cirurgião de coluna, tão centrado, comprometido e cético, tinha bases frágeis para suas certezas. E a transformação do Homem da Ciência que bateu de frente com a fé de Locke durante toda a série, em alguém vulnerável o suficiente para jogar fora suas convicções e acreditar poder anular tudo o que ocorreu desde a queda do avião foi o bastante para humanizar o personagem.

Jack tem problemas com o pai. Como a maioria dos personagens. Mas entre todos, seu conflito é o mais difícil de ser entendido, o mais sutil. Sob uma ótica superficial, é complicado entender seu drama. Jack não teve um pai tão repugnante como Kate e Locke. Não teve uma vida difícil como James, não foi abandonado como Hurley e Claire.
Jack se cobra perfeição - talvez por sentir-se na obrigação de corresponder às oportunidades que teve na vida. Com uma mistura de amor e ódio mal identificados e resolvidos, passou a vida tentando impressionar o pai. Sem perceber que não precisava de tanto esforço, transformou o amor que tinha por Christian em conflito e competição. Freud explica.
E como na vida, relacionamentos problemáticos com o pai (ou mãe) refletem-se em todos os outros aspectos de sua trajetória. Comprometido, Jack não sabe desistir. O que pareceu por tanto tempo teimosia e arrogância é fruto de uma personalidade frágil e desesperada para consertar tudo.
Jack teve problemas no relacionamento com mulheres, o que é nítido na dificuldade de aproximação com Kate. Com a própria esposa, a paciente em quem reverteu uma paralisia irreversível - resultado que deve ter assustado bastante o cético e racional médico - ele desenvolveu uma relação que desde o início não tinha chance de ser saudável. Parecia mais uma forma de se apegar ao que ele nunca entendeu.
Ao lado de Sarah, Jack tenta desesperadamente ter uma vida a dois. Porém, nunca conseguiu se entregar emocionalmente. Guardou seus sentimentos, suas dúvidas e inquietações, se afastando de Sarah. E o mais triste: se submeteu ao papel de marido traído, tentando a todo custo manter um casamento falido.
O líder
Como todos os personagens, Jack chega à Ilha perdido em propósitos. Trazendo o corpo do pai, morto após uma séria desavença, a culpa o impele a ser líder. Mas não foi só a culpa. Jack assume na Ilha o papel para o qual se preparou durante toda a vida.
Não mais a sombra do pai, se sente na obrigação de cumprir as obrigações para as quais se sentira inevitavelmente ligado. Talvez sua desordem emocional seja uma artimanha de Jacob. Talvez seja apenas fruto da conturbada relação paterna.
É difícil não se irritar com Jack durante vários momentos. A intempestiva atitude de superioridade em relação a Locke, a teimosia, a pretensão de onipotência são difíceis de serem entendidas sem que se considere todo o seu passado emocional. Precisamos nos colocar no lugar de Jack. É preciso contextualizar o doutor...
Jack foi herói, não se nega. Assumiu a responsabilidade de liderança, tomou decisões, mesmo que erradas. Quando ninguém mais queria, ele se entregou ao papel de fazer o que era preciso em seu conceito.
Mesmo que sua imagem tenha se desgastado com o tempo entre os sobreviventes, ele teve a firmeza que sempre faltou a Locke. Não se preocupou em ser simpático. Preferiu fazer o que ele achava ser o certo.
Escolhas erradas ou não - só no fim saberemos – Jack conseguiu o objetivo que o transformara no disco arranhado: saiu da Ilha.
A felicidade durou pouco. Como fizera com Sarah, afastou Kate. Como o pai, se tornou um viciado.
Finalmente entende que tem que voltar. E mais uma vez o arrependimento o toma. Só que desta vez o sentimento não está mais enrustido. Jack chegou ao fundo do poço. Mas saiu de lá e foi a pessoa decisiva na volta dos Six para a Ilha.
Se transformando no Homem de Fé, ele se humanizou - não pela questão de ter Fé, não é esta a referência, mas pelo fato de rever conceitos e se desprender do passado. O propósito desta volta não parece ainda não muito claro. Se é realmente refazer a rota e impedir a queda, não sei. Mas não duvido mais que Jack tenha realmente um firme e fundamental propósito em estar onde está quando deixamos a Ilha – no fim da quinta temporada.
E tenho certeza de que no derradeiro suspiro de Lost, teremos Jack Shephard a embalar a despedida desta emblemática e marcante série.
  • Obs – É importante ressaltar a ótima atuação de Matthew Fox. Não tão badalado como Terry O´Quinn e Michael Emerson, Fox dá o tom exato ao personagem. Jack não seria Jack sem ele.

Palavra do Paulo
Jack não é um líder, não queria sê-lo, mas as circunstâncias o levaram a assumir esse papel dentre os sobreviventes. Mas, de fato, ele nunca conseguiu ser o líder que todos esperavam, e sua insegurança sempre mostrou que ele é nada além de mais um ser humano, cheio de defeitos. Um homem que sequer tinha certezas sobre sua vida e que não estava pronto para assumir as verdades de um grupo. Será que ao assumir a missão do destino, ele pode, enfim, ser o protagonista de sua própria história?

Este post é o primeiro da parceria com o Paulo Montanaro do blog Pensando Imagem e Som. A ideia é trazer uma série de posts especiais confrontando a visão dos dois blogueiros
sobre personagens - e mais tarde, quem sabe - mistérios e mitos da Ilha.


Aqui review do primeiro episódio centrado do Doc, White Rabbit, na visão do Leco, do ótimo Teorias Lost.

Mais e mais

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