
This Place is Dead - S05E05
Por amor. Por amor, Faraday em algum momento se arriscou a mudar o futuro contando a mulher que ama seu destino. Por amor, Sun deixa a filha para reencontrar o marido. Por amor, Jin abdica da possibilidade de reencontro com a esposa. Por amor - à Ilha - Locke deixa o local onde acredita ser seu destino - o único onde realmente se sente em casa e pelo qual tanto fez para não deixar - sabendo que não mais voltará, que o que o espera é a morte.
Se Lost é mitologia, é mistério e ficção, é também uma grande história de amor.
Em mais um paradoxo, o episódio cinco desta temporada conseguiu falar de amor da forma mais angustiante possível, atrelando-o a altos graus de sacrifícios. Os constantes e sucessivos loopings temporais ocorrendo em progressão geométrica nos deram a perfeita percepção do quanto aterrorizador pode ser estar na Ilha que já aprendemos a amar.

E a morte apareceu novamente. Como sempre em Lost, de forma trágica. Se já era esperada após quatro episódios em que Charlote apresentava os efeitos colaterais da viagem no tempo, a morte da ruiva foi mais uma despedida carregada impacto emocional.
Mesmo com revelações contundentes sobre seu passado na Ilha, senti muito a saída da personagem do elenco regular da série. Como antropóloga, ela poderia exercer exatamente a função que Faraday tem nas explicações científicas, para os exclarecimentos sobre a mitologia, uma área que muito me interessa no todo do seriado.
Também senti falta de mais sobre Russeau. Queria muito acompanhar o nascimento de Alex e a saga de sobrevivência da francesa nos 16 anos de Ilha. Claro que há muito o que explorar na série e nenhum minuto do episódio foi disperdiçado. O que me faz ter a certeza de que Lost tem possibilidade de originar muitas histórias para séries derivadas ou filmes.
Além da morte tivemos o retorno do monstro de fumaça.

Pondo abaixo uma teoria minha - e de muita gente - de que fosse uma experiência da Dharma, o gigante bloco de fumaça agora foi apresentado formalmente como um sistema de segurança do templo. Aliás, seria do templo em ruínas ou do templo onde os Outros foram se esconder? Ou seriam o mesmo local?
Adendo - Tantas perguntas não me afligem. Vejo muita gente aborrecida com isso. Sem paciência ou com raciocínio simplista e com má vontade. Meu conselho? Assistam séries que encerrem suas histórias no mesmo episódio ou simplesmente mudem de estilo de série. Não vale a pena acompanhar um programa de entretenimento para se aborrecer tanto...
E vou mais além: assistir um show apenas para detectar qualquer mínima circunstância de fazer gracinha nas resenhas, mesmo que seja atividade profissional, é muito patético. Seria melhor aproveitar a suposta veia humorística - discutível sob diversos aspectos - para escrever roteiro do Pânico ou do CQC.
Mas voltando:
Acho que aflição e tensão são as melhores palavras para descrever o episódio. Desde a aparição do monstro à cena tão esperada da morte de Robert por Russeau. Dos loopings, a agonia de Carlote à despedida de Locke da Ilha, foi tudo muito intenso e tenso.
Fora da Ilha, tudo parece perdido pelo egoísmo de Kate e pela teimosia de Sayid - que parece ter encarnado a personalidade passada de Jack. Mas Sun fez sua escolha, a escolha de uma mulher apaixonada, que fará o que for preciso para rever Jin, até abdicar da filha.
E Ben continua dando as cartas, mesmo quando tudo parece realmente ficar mais complicado, seus jogos mentais conseguem atingir os alvos. Por que alguém duvida que aquele surto foi mais uma maneira de convencer Jack e Sun a voltar para a Ilha? Eu não.
E fica tudo cada vez melhor.
Muito bom

- As aparições do monstro de fumaça estão se tornando um momento à parte. Ganham intensidade e são reservadas para momentos cruciais na trama.
- Interpretações realmente muito boas marcaram esse episódio. Destaque para Michael Emerson (como sempre) e Terry O'Quinn.
- Mais uma vez ressalto que apresentar Russeau no passado foi um tiro certeiro dos roteiristas.
- As interrogações são um ponto alto da série que mantêm a atenção e o nível de interesse.
Curiosidades/Referências
(Com ajuda da Lospedia)
- O nome Charlotte Staples Lewis é uma referência ao escritor irlandês Clive Staples Lewis (C.S.Lewis) o criador das Crônicas de Nárnia. Na saga, Nárnia é uma terra mágica para onde as crianças retornam sempre - em diferentes tempos - Em uma das histórias descobrimos que existe em Nárnia uma caverna mágica - um portal para outros mundos- que dá acesso a uma ilha. Como Charlotte fez de tudo para retornar a sua terra mágica, as crianças estão sempre procurando meios de voltarem à Nárnia. Ah, C.S Lewis e Charlotte estudaram na mesma universidade, a de Oxford.
- Em um de seus momentos de agonia, Charlotte parece reviver momentos de diferentes fases de sua vida. Em uma dessas, ela grita: Aumenta ai, eu amo Geronimo Jackson. A banda fictícia já foi mencionada em outros momentos da série.
- Ainda da ruiva: ela brinca com Faraday dizendo que fala também Klingon - idioma existente na mitologia da série Star Treck.